O zelador, ainda molhado do banho, constatou que havia um problema com a conexão, que só o elevador não dispunha de energia. Chamou o eletricista, que chamou um Uber, que cancelou a corrida pois não encontrou o endereço. O eletricista tomou um ônibus e o zelador o celular: buscou um tutorial no YouTube em “como resolver problemas de conexão no elevador?”. Teve problemas com a internet. A síndica nervosa chama os paramédicos. Eles demoram. Alguém grita, não se sabe se é do elevador. Uma vizinha solícita bate de porta em porta com uma lista em mãos para dar conta de quem falta em cada casa e possa estar no elevador. A síndica discute com o zelador, não escutam a campainha, os paramédicos vão embora, e oferecem carona ao eletricista. Conclui-se que faltam 23 pessoas que, se não estiverem no trabalho, na escola, cabeleireiro, shopping, mercado, parque de diversões, biblioteca, feira de roupas usadas, viagem de férias, pet shop, hospital, sexy shop, jogo de xadrez, universidade, receita federal, viagem astral, ou corrida de cavalos, estão no elevador. Entre as ideias ocorre criar uma enquete no Facebook. Uma mãe desesperada descobre que seu filho não está em nenhum lugar, se acalma quando encontra ele na escadaria do prédio. Uma adolescente tira selfies em frente à porta do elevador. 17 moradores assistem TV. O zelador percebe que precisa de mais um banho. Na rua carros estacionam, carros partem. A síndica faz um reclamação para a central dos eletricistas. Um cavalo improvável ganha a corrida. Alguém procura a resposta de uma questão de estatística numa prova que nada prova. Mais um vivo morre no hospital. Aqui e ali temos problemas de conexão.