Você está no espaço do Unoego, seja bemvinda, seja bemvindo!
A dúvida é uma certeza da existência, porquanto o viver nunca está completo, findado e desde já, sempre iniciado. Nosso espaço, também por isso, oscila entre decidir-se como um ateliê, que compõe, que cola, costura, e um laboratório, que dissolve, que mistura, que transmuta. O mais certo é que as duas coisas aconteçam ao mesmo tempo, sem nenhum prejuízo de sentido: na vida temos sentidos em demasia, nunca em falta – por isso o Unoego está imiscuído em raspar um pouco desses excessos, ampliar as fissuras que aí se encontram, ou conectar o que, aparentemente, era inconectável.
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O começo…
Unoego envolve-se numa ideia, essa que surge antes do agora, naquele momento difícil de precisar, antes, não era perceptível (por volta de 2017). Enquanto ideia então “agora” surge, quando ganha palavra que a nomeia. Essa palavra nomeia uma coisa, um grupo de coisas, certos procedimentos. Esses procedimentos envolvem-se em algo: é sobre esse algo que agimos, e a espreita dele seguimos a inventar, tentar, experimentar, tentar, tatear, escarafunchar, futricar, tentar, colar, descolar, rasurar, esburacar, raspar, tentar. Isso tudo se faz com as coisas todas, à procura desse algo, se faz coisas com as coisas todas, e aqui é importante “afirmar”: que coisa somos? Unoego é uma procura, é uma pergunta afirmativa; Unoego entende que a ficção é uma realidade (e vice-versa), e sobre esse mundo, nosso mundo, tateia, rodeia, tonteia. Afirma o paradoxo dessa vida, as voltas da percepção, da razão, da intuição, e o absurdo das falhas tentativas de combinar essas faculdades numa realidade-real-concreta-verdadeira. Nossos “antepassados” empreenderam uma grande jornada em direção ao horizonte (a mais épica talvez tenha sido, e vem sendo, a ciência), onde encontrariam algo: e descobriram que o horizonte sempre avança com a caminhada. Nós, com tantos outros, atentamos para o horizonte como uma utopia, e afirmamos uma heteropia: do horizonte, do lugar, da terra, da água, do fogo, do interno, da palavra, do ar, da língua, das coisas, dos corpos, do exterior. Nossa procura não é uma procura que tem sentido no achado, assim que não há o que achar: procuramos condições e modos potentes de vida, uma envol-vida num feito inventivo, num mexer com coisas, num (de-re)compor: estamos fazendo unoegos (ou deveríamos dizer que os unoegos estão nos fazendo?).
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Sobre os procedimentos do Ateliê-laboratório Unoego
São reinventados a cada unoego sobre/com o qual se passa a processar(se). Ainda que com desenvolvimento técnico nas feituras feitas, sempre renovamos os procedimentos pela demandas espaço-temporais de cada unoego; nossa experiência esta a ganhar experiências: ao travar nosso contato com a realidade com olhos arregalados, pele ouriçada, mãos dispostas em atenção dispersa, e mente de principiante! Mas sempre nos cabe (assim nos sentimos unoeguisticamente convocados) explicitar, ainda que de forma imprecisa, nossos processos (e essa tentativa, por sua vez, também está a espreita de unoegos).
Dividimos assim nossos processos nas maquinarias na quais se envolvem.
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Maquinaria de mecânica dos micromovimentos maiores (M. MMM)
É a “indústria” do Unoego. Montada em espaço público, essa maquinaria é construída de Matérias Afetivas de Reuso (MARe) e tem como matéria prima os Fluxos Informes Inconstantes dos Transeuntes em Estados Perceptoafectivos Potencializados pelos Encontros Improváveis (FI2TEP2EI). Sob um criterioso processo de experimentação com dispositivos tecno-inventivos, nossa maquinaria está preparada para produzir novos unoegos em conexão harmônica com as múltiplas demandas díspares dos contextos em questão. As técnicas podem ser identificadas em seus modos de captação e apresentação: audiovisuais ao modo de um documentário ficcional, escritas ao modo de uma antropologia especulativa, apresentações performativas, paisagens sonoras, entre outros experimentos inventivos.
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Maquinaria de metanaturalidade concreta (M. MC)
É o laboratório experimental do Unoego. Montado sempre em lugares específicos variados (ou nos mesmos lugares com variações inespecíficas de ordem das coisas). É onde inventamos os unoegos mais avançados. Com efeito, é também um espaço para testar os nossos limites tecno-inventivos (e sempre ultrapassá-los) e provar novas matérias para nossas anarcomposições (com qualidade cada vez superior). Nesses laboratórios trabalham apenas nossos inventores (pode ser montado em uma casa ou qualquer canto “isolado”). Diferente da Maquinaria MMM, onde os Fluxos Informes Inconstantes dos Transeuntes em Estados Perceptoafectivos Potencializados pelos Encontros Improváveis (FI2TEP2EI) são também matéria prima dos unoegos, na Maquinaria MC nossos inventores estão envolvidos com a Concretude Metanatural das Coisas (COMECO). Nesse laboratório, através de experimentos compositivos heterogêneos, com teorias da físico-química da incerteza, criamos unoegos mais inéditos, por serem ainda menos prováveis.
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Maquinaria de narratorealidades ficcioentíficas (M. NF)
É o braço científico (e ficcional) do Unoego, onde nossos inventores preparam e publicam novos artigos sobre os processos e infra-resultados de pesquisa. Com produção de fôlego (estamos entre os níveis mais elevados das agências de fomento), mas sempre respeitando o tempo da produção corpo-energético-fabulatório (um dos conceitos cunhados por nossos pesquisadores). Aqui você encontra conteúdos vastos e intensos, com acesso livre e democrático. Mais uma das ações do Unoego, sempre comprometido com a pesquisa de ponta e suas reverberações no bem estar social. Acesse e compartilhe para ampliar seu conhecimento, desconhecendo o conhecido e se amparando no que há de mais novo sobre as questões relacionadas à existência inventiva e as políticas dos micro-afetos (nossas duas grandes sublinhas de pesquisa).
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Maquinaria de de anarcomposições infradisjuntivas (M. AÍ)
É o espaço de ócio criativo do Unoego. Nossos colaboradores cumprem um padrão laboral estritamente adequado à suas especificidades físico-psico-sociais. Pautado em processos tecno-inventivos, todos nossos espaços são voltados para a criação. A M. AÍ é onde nossos colabores são convidados a criar sem compromisso com os padrões dos unoegos direcionados para o uso dos interatores. Aqui o divertimento é ainda mais divertido (embora esteja presente em todos os nossos processos). É o espaço de lazer do Unoego, onde o ócio criativo é potencializado. Sem embargo, deste espaço de espontaneidade conduzido por condições inespecíficas, é de onde historicamente provém os unoegos de maior sucesso.
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